SOMBRA MENTAL

Quando a noite segue embalada o tempo inexiste.

Noite de festa! Amigos, estranhos, parentes, pessoas diferentes se reunem,
Diálogos são travados e até um monólogo entre seres animados e inanimados ocorre.  

Torneiras escutam, embora ainda não tenham adquirido a faculdade da fala.
Caladas, escutam e permanecem como torneiras numa noite de tonteira absoluta.

ESTRANHAMENTO

Por alguns dias,

Longos sofridos dias,

Eu não gostei de mim.

Por alguns dias

Caminhos errei

E conflitos encontrei.

Por alguns dias

Tão grande foi meu perdimento

Que todo valor elegeu-se relativo.

Por alguns dias

A terra tornou-se inóspita

Enquanto meu EU não me era familiar.

Por alguns dias,

Extintos dias,

Eu não gostei de mim. 

Nuvem na estrada

Caminhei por dias tão nebulosos
E agora que a neblina se dissipa:
Tem sol?!

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Alguém pode apagar a luz?!
-Danke.

PROCURA-SE TEMPO PERDIDO

Num horário entre 6h e 11h da matina, assim que os olhos se abrem para a claridade, a cabeça contempla o maior perdimento:

-Ok, estou na cama. Com pijama. Sem brincos. Sem maquiagem. Mas... como?! Não lembro de absolutamente nada! Quer dizer, eu seguia para a sociedade da segunda garrafa de vinho e a quinta hora de papo para lá de animado, disso eu lembro. Depois disso é que surge a magnânima reflexão sobre as horas apagadas.  Por mais esforço que eu faça nada aparece no lugar do tempo! E o nada não diz esclarecimento nenhum. É um mistério! O tempo sumiu!

AMANHECERES

Ahhhhh, como é bom

Acordar antes do dia,

Driblar o despertador e

Contemplar-te repousando

Qual bebê no auge do sono.

Ahhhhh, como é bom

Acordar com o dia desperto,

Ignorar o dia da semana e

Perceber que você está ali
Zelando meu sono e meus dias.