sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

ODISSÉIA DAS MALAS - PRIMEIRA PARTE

A esteira de bagagens percorre o espaço a ela destinado por uma, duas, três e mais vezes e nenhum olhar familiar sobre mala alguma parte dos tranquilos olhos esverdeados pertencentes a uma elegante desconhecida. O tempo passa e após exaustivos 30 minutos percorrendo a esteira em cada volta iniciada ela pára, o painel que informava a procedência daquelas bagagens exibe a mensagem de: última bagagem! A "olhos esverdeados", agora já nada tranquilos desabafa:

-Como?! E a minha mala?! Pensa alto, bem alto, a feliz recém aterrisada.

Sim, todos, inclusive a "olhos esverdeados", sempre acham que isso só ocorre com os demais. Erro umbigocêntrico! Todo viajante está sujeito às "intempéries dos voos". Então, assim que o umbigocentrismo se ausenta a viajante percebe que vivenciou mais uma construtiva experiência e agora precisa apenas seguir o protocólo do turista sem mala, abrir um processo junto ao setor competente e torcer para que sua bagagem seja encontrada.

Além de o voo sair com atraso, ainda ocorre o extravio de todas as 4 malas despachadas?! Isso ela não pensou alto, apenas desabafou para outro sofredor do mesmo mal, enquanto aguardava sua vez de registrar o ocorrido.

-Boa noite, eu sou o Pedro, não o Álvarez Cabral, portanto não o descobridor de vosso país, tampouco de vossas malas, ainda assim, poderei iniciar a "odisséia das malas". Elétricamente falou o simpatissímo português logo que a vez da "olhos esverdeados" chegou.



O local é Portugal, mas decididamente o Pedro não é o Álvarez Cabral!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O FIM É O INÍCIO.


2009 segue imperativamente aproveitando seus últimos dias, gasta-os com grande esmero. Cada segundo, minuto e hora são sorvidos numa caminhada regressiva! O tempo destinado a 2009 diminui e a sensação de existência aumenta, a percepção da condição de caminhante num caminho repetidamente esgotado e renovado traz à tona a consciência de continuidade.

2009 parte a galope rumo ao pretérito, se acomoda mais e mais nas memórias daqueles que o viveram.

2009 , tal qual maratonista determinado, corre, corre e corre e se mantêm firme em seu propósito: finalizar.

2009 finaliza sua jornada para 2010 iniciar. Os anos passam, outros anos vem e com eles, vida. O fim é o início!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CURITIBAR

Curitiba, por suas ruas molhadas e congestionadas devido a chuva ininterrupta curitibamos, caminhamos com largos sorrisos nos rostos e seguimos sem rumo, apenas aproveitamos suas imagens úmidas.

Curitiba, seu céu agora cinza espesso apresenta-se como um fundo neutro, assim, muitas imagens antes secundárias passam para o primeiro plano, são vistas e contempladas como a mais nova exposição do MON.

Curitiba, em teus dias camaleônicos nós vivemos!!!!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DIAS E DIAS...


Dia: espaço entre uma noite e outra (unidade de 24 horas de tempo!).

2009: 365 deles.
Janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, JULHO e: duas semanas de férias escolares, 25 dias de chuva julina e o desespero da Gripe Suína.







Agosto: início com recesso escolar devido ao risco invisível da gripe e dias de isolamento social. Sem aniversários, teatro, cinema, restaurantes... Dias sem precedentes em minha memória! Dias de olhar esperançosamente para o calendário e visualizar setembro, outubro, novembro e dezembro com dias de vida normal de novo!


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

HOJE

Hoje é o amanhã
do ontem e amanhã hoje
será o ontem de outro hoje...
... é sempre hoje!!!


domingo, 2 de agosto de 2009

CONSTATAÇÃO!

Acabou! Ainda que as palavras permanecem escritas, a história acabou! Acabou quando a li completamente! Acabou naquele momento em que ela deixou de estar em meus pensamentos.
História breve... Instantes de ilusão. Rápidos encontros silenciosos e máxima concentração a cada nova página percorrida. Entretanto, história de páginas determinadas, numeradas conscientemente num enredo previsível e, como toda personagem após o fechamento do livro que a contém, de existência temporária.
As livrarias continuarão recebendo minha visita, no entanto nelas não espero encontrar um livro cuja personagem carregue tantas virtudes, apenas história cuja personagem seja autêntica e não somente represente.
Aquela história acabou... acabou justamente quando eu percebi que não seria uma história nova, apenas outras personagens interpretando um texto já batido.

sábado, 1 de agosto de 2009

DIÁLOGO...


Terráqueo diz:
Bom dia! Tudo bem, minha querida?


ALIEN diz:
Hoje o dia tá difícil, difícil...


Terráqueo diz:
Que pena. Eu gostaria de poder alterar essa sua percepção.


ALIEN diz:
Que nada... é coisa que dá do nada e assim mesmo passa... Do nada e para o nada! Tudo é nada! Absolutamente nada... O dia, o mundo... Nada, nada e não sai do lugar... nunca e nada!


Terráqueo diz:
Ok! Logo estarei contigo. Preciso levar algo?


ALIEN diz:
Cura instantânea para a gripe, um vidro de boas idéias, dois quilos de paciência para que eu possa agüentar este dia e 1/2 dúzia de dias perfeitos para eu gastá-los conforme a necessidade...
Só isso...


Terráqueo diz:
Vou providenciar tudo isto para você!!!


ALIEN diz:
Obrigada. Abrirei a porta com alegria.


Terráqueo diz:
Beijos!!! Até mais!!!


ALIEN diz:
Até. Beijo, beijo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

INSÔNIA

Morfeu, Morfeu! Por que insistes em abandonar-me?
-Não me abandooooooooone!!

Ainda que o sol esteja a pino, agora que meu sonho está no auge
quero mais da irrealidade.

Oh! Deixe-me aproveitar mais um pouco dessa ilusão!
Morfeu, fica comiiiiiiiiiiiiiigo!!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

DESCOBERTA

Percebi que não adianta implicar com a janela,
Ela jamais irá mostrar o que desejo ver!
.
Percebi que por mais que eu busque o teu rosto,
São sempre outros que surgem a me olhar!
-
Percebi que o tempo já levou muito tempo,
já é tempo de acordar!
.
Percebi que é preciso caminhar,
Pois não sou estátua para ver a vida passar pela janela!
Fotos: Vênus de Milo - Museu do Louvre

sexta-feira, 26 de junho de 2009

QUANTO BASTE


Seria interessantíssimo se a vida fosse como uma receita:


Ingredientes:


Quanto baste de tristeza para apreciar a alegria;

Quanto baste de saudade para curtir a presença;

Quanto baste de pesadelos para valorizar os sonhos;

Quanto baste de desencontros para priorizar os encontros;

Quanto baste de frustrações para propiciar satisfação;

Quanto baste de realidade para criar a fantasia!!!!


Modo de preparo:


Separe uma pequena porção de alegria, presença, sonhos e encontros para misturar e dar o formato de fantasia!!! Enrole a tristeza, a saudade, os pesadelos, os desencontros e as frustrações e deixe-os no gelo da realidade. Aprecie com parcimônia que o equilíbrio sempre é o segredo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O TEMPO TRAZ A MORTE E CONSOME O MUNDO

O mundo não é o mesmo faz tempo, mas somente hoje eu grito e alerto aos seus moradores:


-As pessoas não são as mesmas! Os vivos estão mortos! Mortos com um pouco do nosso mundo! Não se iluda, hoje há mais estranhos que no primeiro dia de aula de qualquer um! Não se iluda, o tempo é o mesmo, mas o mundo não! Ontem, hoje, amanhã? Nomenclatura! Quando o ontem foi hoje eu chorei, hoje eu choro e quando amanhã for hoje eu chorarei! E os mortos? Pais e o mundo! Avós e o mundo! Irmãos e o mundo! Entes e o mundo! Michael Jackson e o mundo! Mortos!


O mundo não é o mesmo!

terça-feira, 16 de junho de 2009

FICÇÃO TEMPORÁRIA

MONET, Claude. Water-lily pond, 1897

Além da janela há chuva, mas aqui há sol e flores. Não há rostos nervosos nem noites em claro, há ficção na tela. E nela há refúgio nestes dias tão duros. A ponte não oscila aos passos do pensamento, apenas os sustenta. As flores não se ausentam no inverno e tampouco o sol desaparece com o anoitecer, é sempre dia claro e quente e colorido, mas é também temporário e o horário passa e o tempo retorna e encontra a realidade na contramão.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

:-(




No porta-retrato, o riso. No passado, a alegria.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

SEGUNDO O AURÉLIO E A MANHÃ DE QUARTA-FEIRA


Esperar: vem do latim sperare, pode significar “aguardar” e é essa definição que me prende ao carro numa agradável manhã de uma recém inaugurada quarta-feira. Esperar 45 minutos passar! Espera planejada, livro camarada na mão e pensamento em revoada! Perfeito, a leitura não fluirá... O pensamento impede a concentração necessária para tal atividade e a grande inaceitabilidade de tempo perdido corrobora ainda mais para a desconcentração.


Ouvir: do latim audire e pode significar “Ouvir os sons de; escutar”. É por isso que não lerei! Eis o motivo para a desconcentração! Estou ouvindo todos os sons que chegam até meus ouvidos e escutando meus pensamentos que revoam.


Por isso uma música o precedeu. Não qualquer música, uma que eu gosto de ouvir, uma que fomenta a imaginação. Espero e escuto. E como a trilha sonora favorece, a expectativa aumenta: o motorista deve ser um espetáculo! Sim, uma boa música nos faz querer ver o belo... E o belo surge num Volkswagen branco, cantarolando e melhorando a visão inóspita que um estacionamento proporciona. 1,80 m, calculados a distância, distribuídos num corpo extremamente cuidado. Sem excessos, só harmonia. Cabelos levemente compridos, não mais que na altura dos ombros, moldavam um rosto digno de ser esculpido para apreciações da posteridade. O preto intenso de seus cabelos realçava os olhos incrivelmente azuis que encarei por instantes enquanto seus passos decididos e vigorosos o conduziram para longe de meu olhar.


Encarar: de en- + cara + -ar, “Fitar os olhos, olhando direto”. Instantes de confluência visual; sincronia pura e ingênua, apenas um leve faiscar visual. Diferentemente do flertar, que consiste em olhar intencionalmente, “namoriscar”, como diz o Aurélio. Encarar é espontâneo e instantaneamente estonteante.


A música, embora o som do Volkswagem estivesse desligado, continuava ecoando em meu cérebro e com ela meus pensamentos dispersaram-se. Outro rosto, outros olhos eram encarados e a vontade de levantar vôo e acompanhar o pensamento surgiu. Um desejo com roupagem de necessidade me consumia, assim como o relógio consumia o tempo e logo tudo cessou.


Cessar: do latim cessare. “Não continuar; interromper-se; acabar, parar”. Acabaram-se os 45 minutos e interrompeu-se o desejo de voar!
:-)


quarta-feira, 6 de maio de 2009

DESAPRENDIZAGEM

Isso! Mais uma fala, mais uma dúvida, mais uma crítica, sugestão ou o que seja... Mas que haja continuidade. Mais um pouquinho e serão 22 e 30 e com sorte encontrarei muitos alunos recém saídos da UFPR... Com mais sorte ainda não me encontrarão pessoas com más intenções! Ihhhh! Acabou!


Calma. Grande tranqüilidade transpareça e caminhe, não apresse tanto o passo, mas também não ande feito pepé. Tanta gente saindo do mesmo lugar e ninguém vai para a direção que eu tenho que ir! Também, eu tinha que vir sozinha? Deveria ter insistido o suficiente para alguém me acompanhar...


Uma quadra... É só atravessar a Praça Santos Andrade e a Rua Amintas de Barros e tudo estará menos desesperador... Alguns passos largos e atravessarei logo. Caramba, a beleza da Praça desapareceu. Tudo está sem cor, sem massa, sem graça. UM transeunte e sou eu!


Ufa! Passos rápidos, passos confiantes e ninguém passou. Pronto! Estou na redoma de lata. Agora eu passo tranquilamente pelo Passeio Público e rapidamente estarei em casa. Pronto mesmo! Desaprendi a andar sozinha!



quinta-feira, 30 de abril de 2009

???????????




Olhar e não enxergar?


Ver a verdade e ser hipócrita?


Cumprir obrigações sociais num meio anti-social?


Viver estando morto?


Morrer estando vivo?


Mente aberta é existir no mundo da imaginação, porque o mundo real inexiste enquanto mente!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ERA VIRTUAL: IMPRESSÃO JÁ ERA!

Foto: Rodrigo Bueno


Domingo



10 horas e 43 minutos: Ao abrir a porta, para entrar no carro e seguir até o endereço do almoço de domingo, deparo-me com uma revista semanal no chão e o jornal generoso de domingo. Recolho-os, coloco-os na mesa destinada aos mesmos e sigo para o compromisso.



Segunda-feira



18 horas e 50 minutos aproximadamente: Verifico a correspondência na caixa do Correio e encontro outra revista semanal, até penso em abri-la, porém já havia outro planejamento para a noite e ela segue para o móvel culto.



Terça-feira



12 horas e 37 minutos: Enquanto descanso do almoço e assisto parcialmente mais um filme, percebo que as revistas continuam plastificadas e que não poderei lê-las ainda, pois é hora de cumprir as atividades diárias.


Quarta-feira


09 horas e 59 minutos: Enfim numa agradável manhã curitibana eu tenho tempo para ler um pouco. Retiro o plástico das revistas, olho a primeira página do jornal diário que está ao lado delas e os abandono para acessar minha caixa de correio eletrônico.


19 horas e 14 minutos: Cansada de um dia estressado, decido ler as revistas que pacientemente aguardam atenção. Folheio uma delas e a cada página nova encontro notícia antiga e assim segue até o final dela. Pudera! Todos os dias eu acesso a internet!


19 horas e 54 minutos: Pego a segunda e ocorre a mesmíssima constatação, as noticias não são inéditas, mas uma delas explica tal verificação: "New York Times: perda de leitores para a internet". Se até o jornal “The New York Times” está cambaleando é realmente sinal de que a era da impressão já era...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DO LIVRO E DIA DE FLUXO DE CONSCIÊNCIA...

Hoje é DIA... Ontem também foi DIA! E antes de ontem idem... Não! Hoje é o DIA! Ontem foi quarta-feira e antes de ontem, terça-feira! E terça foi feriado... Tive dificuldade de lembrar qual feriado era... Tiradentes. Às vezes as aulas mal assistidas fazem um pouquinho de falta Tiradentes não fazia sentido algum e hoje tem desfile em algum lugar de Curitiba... Não lembro onde mas eu li na Gazeta. O DIA! Hoje! Hoje é o DIA MUNDIAL DO LIVRO e DOS DIREITOS DO AUTOR! Então hoje é dia de escrever direito sobre algum livro, ué! Fiquei curiosa para ler esse livro: "Bili com Limão Verde na Mão" cujo autor é o Décio Pignatari. Décio é um nome simpático... É que conheço um Décio simpático, então o nome dos demais lhes deixa simpáticos também... Isso é... transferência de afinidade... “Bili com Limão Verde na Mão”é estranho! Bili! Limão Verde! E na Mão! O limão está ainda verde ou é verde? A porta bateu, ou melhor, bateram a porta... Tenho vontade de bater os dedos dos descuidados toda vez que isso ocorre. Será que tenho problema? Bastaria uma vez em cada descuidado e aprenderiam... Hoje terá novo episódio do House no 43! 23 horas... Concretista, Décio Pignatari. Ih! O livro: “Bili com Limao Verde na Mão”é para crianças ou seria pré-adolescentes?! Préadolescente, pré-adolescente, sem hífen, com hífen... Não é o Dia Nacional do Livro é o Dia Mundial do Livro. E o mundo deve ler mais!!Pronto! Escrito direito! Amanhã será DIA... Não amanhã DIA seguinte, mas amanhã. Outro DIA! Futuro! E no amanhã nada sei... Aliás algo sei, lerei o livro assim que comprá-lo... O pensamento não deixa de pensar...

terça-feira, 14 de abril de 2009

DIAS DE EREMITA URBANO



Há dias em que é preferível conviver apenas com o dito melhor amigo do homem - O CÃO! - , pois há seres de nossa mesma espécie que se desmascaram, ou se mascaram, e liberam seu eu mais desumano, coisa que os cães jamais farão.


Há dias em que o conviver torna-se árido e inevitavelmente perdemos o olhar. Perdemos o olhar! Apenas agimos em contramedida, protegendo-nos repetidamente sem qualquer olhar detalhado sobre a situação.


Há dias em que a vida distante dos semelhantes nos parece a melhor das opções, sem ações nem reações ou frustrações, apenas ilusões.

Há tantos dias que estou a ermo entre tantas pessoas...


Foto: Marianna Martins Vieira

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ausência presente

Todo dia sem você acaba,
Mas a saudade não!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

CARÊNCIA




Cena 1: Olhar.




Cena 2: Ser olhado.




Cena 3 e última: Coração de ouro servido em bandeja de prata para um olho de tolo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O DESCONHECIDO



O coração quer adiantar meu olhar,
Mas a razão o breca,
O controla, o olhar.

-Eu o verei!


A pulsação aumenta,
O coração se expande
E a respiração se apressa.

-Eu o vejo!

Minha alma sente um arrepio despertante
E meus olhos o contemplam e todos se ausentam.
Já não há razão, apenas emoção.

-Eu o vi!