terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Recado para os amigos

Antes de voltar para casa eu viverei.


Passearei pela XV sem horário marcado e verei vidas enquanto 2011 terminal respira com os dias contados. Olharei cenas impensadas e tão repletas de verdade que dará enorme vontade de encená-las. Fotografarei aquele estranho plenamente realizado empurrando sua bicicleta com uma garrafa de sidra bem presa na garupa! E antes que o fôlego acabe, tenho que gritar tão alto que minha voz seja ouvida em toda Curitiba, em alguns espaços de Guarapuava, Santa Maria do Oeste, Pitanga, Iretama, Londrina e ainda Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais, como também em outros pontos marcados em Portugal, Itália, França e, óbvio, no Céu: ainda há tempo para viver!!!!!!!!! Feliz Natal, sonhos realizados e outros tantos para impulsionar vontade de vida!!!! 

sábado, 19 de novembro de 2011

Curitiba cresce enquanto as pessoas mudam e alguém enlouquece.

Sobre a manta asfáltica veículos se acumulam e
Sobre sonhos congestinados outros pululam.

No céu as nuvens não têm pressa.
Na terra, hoje, o tempo não passa,
Enquanto o relógio, indiferente, não descansa.

Mas tudo é só por agora.
Só, na vitrine bem iluminada do agora!

domingo, 23 de outubro de 2011

MUDAR, ar estranho em dias inéditos

Mudar: substituir, alterar, trocar, transferir, converter.


Substituir sem livre escolha.




Alterar, consternadamente, as cores das flores. 




Trocar, de repente, um falso-íris por uma flor de Íris.





Transferir, contrariadamente, o direito da colheita.



Converter, esperançosamente, a incerteza em sucesso.


Tantos sinônimos para um ônus momentâneo, tantas mudas de dias que ainda não se realizaram e outra quantia de sonhos recém projetados.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TRAVESSEIRO: SEMPRE COMPANHEIRO.

Após suportar mais um dia inteiro,
Do nada, sem agendamento,
Surgiu uma necessidade de esvair-se num pranto reparador,
Não havia dor, mas era preciso soluçar de tanto chorar.

Enquanto o tempo repousava, um choro salutar aconteceu.
Não tão demorado que causasse desitração,
Nem tão rápido que parecesse choro técnico,
Apenas com a duração suficiente para sentir-se leve 
E respirar desejo de vida, de novo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EXISTÊNCIA: AGREGAÇÃO SUBJETIVA


Quando o dia já escurecia e a noite vinha fria,
Alguém comentou que minha fala denunciava minha origem.

Quando a viagem somava horas de conversa e a distância diminuia,
Expliquei que tudo não passara de um ingênuo engano.
A minha linguagem não nascera no interior do Paraná,
Não fora a única por mim articulada
E nem Pitanga era sua exclusiva fonte.

Quando olhos e testas denunciavam o assombro,
Mentes aturdidas me observavam
E ouvidos inquietos aguardavam o desfecho,
Esclareci que tal qual Meu Eu, minha linguagem não é de lugar físico nenhum.
Minha linguagem é mentalmente existente, do exato lugar do Meu Eu!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OUTROS TEMPOS

Saí cedo, ainda com o dia dormindo. 
Saí cedo neste dia, já que nos que ficaram para trás apenas fiquei.
Fiquei esperando que a satisfação viesse, e como ela não veio, saí.
Saí para reparar minhas verdades; 
Saí para acelerar o carro e desejar que a crise do mundo se resolva rápido e tudo seja melhor escolhido; 
Saí para ver a chuva ignorando os sem guarda-chuvas e molhando todos, inclusive eu, pois há momentos em que precisamos estacionar o que nos leva e ir com nossa própria vontade.


Saí para poder viver e rir destes dias tão insanos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

OURO DE TOLO


Criei um conhecido a partir de expectativas, gestos imaginados, conexões sonhadas. Toda peculiaridade foi cuidadosamente agregada.

Como você nunca foi eu o fiz. O "meu você" era real, entretanto o deslindamento da convivência chegou e você não suportou a idealização. 

Fiz de ti alguém que tu não és, hoje eu sei, mas parecia tão bem feito...

sábado, 23 de julho de 2011

ATUALIZAÇÃO INSTANTÂNEA?

Sábado, dia 23 de julho de 2011, optei por ficar fora do mundo até às 16h58min. e assim que retornei procurei saber se havia perdido algo relevante. Liguei o computador e a notícia da morte de Amy Winehouse estava estampada na página do Terra, mudei para a Gazeta do Povo e lá estava a Amy também, segui para o Estadão e uma imagem dela seguida de comentários sobre a talentosa cantora ocupavam boa parte da página. Após ler a notícia em três veículos diferentes acreditei na morte da polêmica cantora e decidi acessar o Google, estava curiosa para saber sobre a causa da morte, digitei Amy Winehouse e óbvio que surgiu um número imenso de resultados, escolhi ler o que o verbete da Wikipédia dizia e fiquei impressionada com a rápida atualização de informações sobre a mesma, lá estava: "Amy Jade Winehouse (Londres, 14 de setembro de 1983 — Londres, 23 de julho de 2011[1]) foi uma cantora e compositora de soul, jazz e R&B do Reino Unido." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Amy_Winehouse)

-Santa eficiência!

Enfim, terei que riscar da minha lista de desejos ir a um show de Amy Winehouse. Eia mundo que não dá trégua! :( 


quarta-feira, 20 de julho de 2011

PROTESTO!

Queria ir ao cinema, porém não queria ir ao shopping, como em Curitiba ainda não existe cinema fora desse meio, não fui, não naquele dia. Lembrei de Paris mais uma vez, lá há o Majestic Passy entre outros. Aliás, passei as férias de julho exclusivamente em Paris, ainda que tenha sido através de fotos tiradas num dezembro do passado. 
Queria ir ao cinema na Rua XV, mas como ele não existe, fiquei em casa lendo. Li "Os Anos Loucos: Paris na década de 1920" de William Wiser e viajei sem pressa para terminar o livro. Aproveitei para conhecer Modigliani, Josephine Baker e Sylvia Beach e estreitar laços com Coco Chanel, James Joyce, Samuel Beckett, Scott Fitzgerald, Picasso, Cole Porter, Gertrude Stein e Ernest Hemingway, sem contar do grande passeio histórico que revelou notáveis particularidades daquele tempo.
Queria ir ao cinema, entretanto como em Curitiba só há cinema dentro de um shopping center, descobri a  Cinemateca de Curitiba. Assisti "Caindo no Ridículo", um filme francês que retrata Versalhes do século 16, mais uma oportunidade para continuar na França, agora não em Paris, mas em seu arredor. 

Protesto!
Quero ir ao cinema sem precisar ir ao shopping!!!! 
Quero ir ao cinema assistir filmes atuais sem precisar ir ao shopping!!!!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MINHAS FÉRIAS - PARTE 3

 









Diferentemente de dias difíceis de viver, na ocasião em que visitei o château de Versailles, as janelas estavam cheias de vida. 
De seu interior era possível observar a realidade do dia-a-dia francês e acompanhar a chuva super gelada que caia no início do passeio.

Daqueles buracos abertos nas paredes robustas os jardins entravam sem cerimônia e ilustravam os ambientes, por vezes competindo vantajosamente com belíssimas telas de grandes mestres da pintura.




















Todos os vastos cômodos estavam graciosamente adornados com aberturas que traziam um pouco do mundo externo, todas as janelas do château possibilitavam agradável fuga para além da realidade enclausurável.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

MINHAS FÉRIAS - PARTE 2

Desde muito cedo aprendi a gostar de cemitérios. Para mim eles nunca significaram tristeza e sim paz, um espaço propício para reflexões pesadas, um lugar que possibilita, além da tentativa de compreender a morte, distância dos vivos. Um local destinado aos vivos como refúgio solitário para o ensimesmamento necessário de tempos em tempos.

E a necrópole francesa du Père Lachaise é o local perfeito para caminhadas à esmo numa tentativa, já sabida, vã de amenizar a sensação recorrente de completo perdimento numa existência que deveria ser confortável, pois pode ser a única.

 
Diferente de outros abrigadores de humanos inativos, onde é possível quase ignorar este plano, o Cemitério de Père Lachaise é movimentado. A maioria dos transeuntes é formada por turistas curiosos, ansiosos por encontrar a sepultura de algum preferido ilustre entre tantos que ali descansam. Lembrando-me de conselhos de vó acerca de nossa presença em túmulos de entes queridos dirigi-me, como boa turista, à procura de Honoré de Balzac, Molière, Marcel Proust, Oscar Wilde, Gertrude Stein e até Camille Pissaro, na esperança que eles soubessem da minha existência e admiração aos mesmos, além de assim sentir-me mais próxima da Paris que eles viveram.
 
Há bancos por todo o cemitério, comodidade para aqueles que pretendem interromper o passeio e descansar o corpo enquanto a mente não para. Preferi um degrau de escada, sentei, observei meu entorno com grande atenção, procurando apreender os mínimos detalhes, sentir o lugar minuciosamente e eis que minha mente inquieta traz à tona sequência de questões nunca respondidas: Onde estarão os que partiram deste plano?! Como estarão?! Ainda existem?! Reencontraremos aqueles que desejamos?! Ali permaneci alguns longos minutos e como não consegui elucidar o mistério da morte, abandonei a reflexão e prossegui.

 
Encontrando corvos aqui e ali segui por entre túmulos desconhecidos, executando pequenas pausas naqueles conhecidos, durante uma manhã inteirinha. Aproximadamente quatro horas foram utilizadas na excursão pelo primeiro cemitério europeu visitado, cujo término levou ao desejo de conhecer os outros grandes cemitérios parisienses, no entanto essa empreitada ficará para um retorno desejado para breve.

terça-feira, 12 de julho de 2011

MINHAS FÉRIAS

Após enviar mensagem ao passado distante 3 anos, segui para Paris. Acrescidos muitos dias àquelas lembranças já era hora de tentar reparar dias mal aproveitados e conhecer com outro olhar a Capital dos Tempos Memoráveis. 


Os sonhos seguiram confortáveis, bem próximos à bagagem de mão, ao alcance da realização.

 Tão logo os vinte e cinco quilômetros do Aeroporto Charles de Gaulle foram percorridos e as ruas parisienses mais e mais exigiam aplicada atenção, as férias começaram. Era tempo de esquecer os dias sem grande sentido vividos até chegar ali, era tempo de absorver energia necessária para suportar os próximos meses que existiriam até nova viagem à Paris.

Ainda do avião a Torre "Eifél" já era contemplada e a emoção era maior que a sentida na primeira visita ao monumento símbolo da França, é que desta vez meus pés já conheciam cada degrau que conduz ao primeiro nível e a vontade de atingir o último nível, feito não realizado em passeio anterior, iluminavam tanto meus olhos que meu rosto brilhava como se estivesse ao sol. 
A primeira parada já estava programada: Champ de Mars no sensual francês e Campo de Marte no caseiro português! Ontem, muito ontem, videiras e arvoredos, depois área de treinamento militar e agora o espaço esperado por meses para respirar profundamente. Agora, respirar profundamente ao apreciar a tranquilidade que somente a visão peculiar captada por olhos sedentos de dias verdadeiramente vividos proporciona.
 
Torre "Eifél" já não é somente a Torre "Eifél", é também sinônimo de possibilité! Não é somente 324 metros de ferro, é também desejo de subir escadas mais altas e apreciar cada passo dado e, ao alcançar o nível almejado, poder desfrutar os muitos olhares que tantas férias vindouras proporcionarão. É também sonho, dormindo ou acordada!

;))

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Autopreservação

Quando me deparei com um espelho refletindo outra pessoa, quebrei-o em tantos EUS que um dos cacos trouxe aquela que eu precisava ser de novo.
No reflexo encontrei um EU meu que há tantos meses ressonava, mas ainda existia.
Lembrei porque eu gostava de Iron Maiden, Guns e voltei a gostar.


Quando dias virgens pareciam sem graça e cheios de previsibilidades
Um EU de outros tempos resolveu ficar,
Modificar a rotina instaurada há muito e reformular o significado de viver.


"Infinite Dreams",
"Strange World", 
"Street Of Dreams", 
"Yesterdays" ou
"Breakdown"?! 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

REALIDADES


Fiquei algum tempo buscando uma lembrança. Tentei lembrar a primeira vez que assisti um dos filmes da saga "Star Wars". Insisti nessa lembrança, mas não consegui encontrá-la, é como se não tivesse ocorrido a primeira vez. Concluí que devo ter assistido quando as lembranças ainda não eram registradas ou, de repente, tenha ocorrido alguma falha na manutenção daquela lembrança. Certo é que cresci querendo fazer parte daquele mundo espetacular, viajar entre um planeta e outro, enfim, conhecer diferentes mundos e civilizações. Certo é que após crescer, entendi que aquela realidade só era possível enquanto eu assistisse um dos filmes ou enquanto minha imaginação voasse solta e, ainda que eu preferisse o mundo da imaginação, era preciso também viver no outro mundo existente.

Portanto, decidi viver em duas realidades ao mesmo tempo, uma complementando a outra. Assim prosseguiria, entre um mundo e outro até encontrar a cura para a frustração.     

terça-feira, 31 de maio de 2011

FORA DE LINHA

Hoje era dia de passeio, fomos visitar o Museu de Objetos da Humanidade. Saimos cedo do colégio acompanhados de um vento cortante, colegas tagarelas como sempre e de uma professora com cara de "pouco amiga". O percurso não foi demorado, mas suficiente para especular sobre o que veríamos.




Entretanto nenhuma cogitação chegou perto do que o museu guardava. O objeto que mais me chamou a atenção foi o que os antigos chamavam de cinzeiro. O guia explicou que tal objeto era utilizado para jogar a cinza de uma droga chamada cigarro. Tive grande dificuldade em compreender, pois realmente eu não tinha a mínima ideia do que fosse um cigarro, cinzeiro ou fumante! O guia então calmamente explicou que o tal cigarro era basicamente uma quantia de uma planta chamada fumo, enrolado em papel e fumante era o consumidor dessa droga. Achei tão estranho! As pessoas daquele tempo acendiam o tal cigarro, inalavam a fumaça levando-a até o pulmão, após alguns segundos expeliam-na e assim faziam repetidas vezes até restar o que chamavam de "bituca". O mais impressionante é que até lei antifumo existia, pois o hábito era extremamente nocivo e ainda assim as pessoas fumavam.

 


Mais confuso ainda foi ver um cinzeiro de cristal, pois brilho e transparência não combinam com hábito tão nocivo. De fato, certas coisas só dá para acreditar após conhecer!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

EXCESSO DE OTIMISMO

Acordei exatamente na hora!
Levantei com o frio e a cerração
Num dia rotineiramente curitibano.

Gostaria de dormir mais 12 horas,
Entretanto era segunda-feira.
Então fiz mingau, mingau cor de rosa para colorir meu café e quem sabe a vida...


sábado, 28 de maio de 2011

COM PÉ E CABEÇA

Até aquela fatídica sexta-feira 13 as anteriores sempre foram apenas mais um sexto dia da semana para Verônica. Ainda que o noticiário da manhã tenha lembrado-lhe do alto teor supersticioso de tal dia e alguns colegas no trabalho tenham dito-lhe para evitar encontrar gato preto naquele dia, ela apenas rira das advertências que ainda lhe pareciam completamente fantasiosas. Entretanto a tarde reservava estranhos acontecimentos que alterariam totalmente sua percepção em torno do azarado dia.
Logo que entrou em seu condomínio encontrou um gato preto andando tranquilamente pela rua interna, como se o mesmo estivesse acostumado ao espaço. Assim que estacionou o carro em frente a sua residência, o gato pulou no capô, causando-lhe enorme susto. Verônica maldisse o gato e ao abrir a porta do carro o gato rapidamente desceu do capô e num zupt instalou-se no banco que ela acabara de ocupar. O gato praticamente voara para dentro tão rápido que mais uma vez assustara-a, provocando novos xingamentos enquanto retirava o bichano do veículo. Por fim, retirou-o, abriu o porta-malas, retirou a torta de ricota que sua mãe encomendara e entrou em sua residência.
Seu almoço transcorreu rotineiramente, muita conversa entre uma mastigação e outra. A sexta-feira 13 já estava esquecida e mal descansara da refeição seguiu para encontrar uma amiga, iriam ao cinema durante a tarde com o propósito de evitar filas e salas cheias nas sessões noturnas. Encontraram-se na bilheteria e esbaforidas seguiram para a sala, como estavam poucos minutos atrasadas chegariam durante a sequencia generosa de trailers. Entraram numa das portas que estavam abertas e tão rápido se acostumaram com a penumbra perceberam que naquela sessão todos usavam óculos e, como o filme delas não era 3D, retornaram tão rápido quanto entraram, haviam errado a sala. Verificaram no ingresso o número da sala e enfim entraram na sala correta.
Mais tarde, enquanto retornava para casa ouviu estranhas batidas vindas do porta-malas. O barulho era pequeno, mas incessante, forçando-lhe a estacionar o carro para verificar. Procurou um local com trânsito calmo, estacionou e desceu para abrir o porta-malas, sem imaginar o que encontraria enclausurado em seu interior. Assim que abriu o porta-malas um corvo saiu apressado e mudo, deixando-a atônita. Verônica respirou fundo, não tentou entender o que um corvo fazia fechado em seu carro numa sexta-feira 13 e seguiu com uma única certeza: alguns dias são bem estranhos.  

sexta-feira, 27 de maio de 2011

CONTINUIDADE

O tempo não muda,
Calo então a dúvida
E escuto, há mudança.

Silenciosa e implacável
Age e cria outra realidade.
Nem azar, nem sorte,
Só o fim de um mundo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

TERAPIA APÓS O ALMOÇO

O espaço em nada lembrava um consultório, nenhum divã para repousar o corpo enquanto a mente busca o descanso, nenhuma revista do ano anterior para poder relembrar os acontecimentos durante a espera do horário agendado, mas isso estava dentro da normalidade esperada para um banheiro, tudo naturalmente inexistente, exceto a terapia! Ah, ela estava ali, tal qual as duas cubas disputadas por 6 mulheres entre um desabafo e outro.
O tema da quinta-feira era o casamento, a difícil arte de administrar a dualidade enclausurada na unidade. Sujeitos, desejos, histórias e projetos de vida, percepções do mundo, tantas singularidades reunidas numa tentativa de reconstruir o mundo. Frustrações e a dificultosa ruptura.

-Em Curitiba devia existir um Oráculo de Delfos, assim poderíamos obter a resposta absoluta para nossas maiores dúvidas, exclama uma das mulheres.

-Minha mãe não é sacerdotisa de Apolo, mas diz boas verdades e tem insistido para que eu aceite o que a razão tenta mostrar-me, replica uma segunda.

-Hummmmm, não deve ser por acaso que nesse templo há a inscrição "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo", não acham?!

-Meninas, a realidade não oferece respostas certas, é preciso fazer uso do livre-arbítrio e encarar as consequências, encerra a rápida sessão aquela que aparentava ser a mais experiente de todas.

Assim as seis seletas mulheres trocaram olhares de solidariedade e abandonaram o recinto já exausto de ouví-las.

Mundos existem além da visão, isso é certo...

terça-feira, 24 de maio de 2011

TDAH

Foco! Foco! Ecoava em minha sub-mente enquanto a mente tentava pensar sobre o tema a ser explorado para os ansiosos dedos digitarem as linhas iniciais de um artigo.
Entretanto, com tanta janela por aí, algum pássaro resolveu cantarolar bem próximo da minha! Adeus atenção!
Focalize sua atenção, somente assim você conseguirá elaborar esse artigo ou qualquer outro texto, continuava a sub-mente atuando.
Porém o vizinho resolveu aumentar o volume para toda a quadra ouvir a sua seleção musical! Atenção flutuando!
Foco é o segredo, insistia ela.
Contudo agora é o cachorro alheio que decide exercitar suas cordas vocais e implicar com algum transeunte humano ou animal, além de lembrar ao meu que ele também late! Desatenção!
Ignore o mundo ao seu redor, tentava mais uma vez a sub-mente.
Mas um veículo qualquer passa em alta velocidade na rua principal e leva de carona minha atenção! Melhor esperar o mundo parar, concluo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

ALIENAÇÃO PARENTAL

-Não seja igual a sua mãe! Comporte-se, Menina! Diziam repetidas vezes, tios, avó e até os primos mais velhos. Embora eu nunca tenha apurado o que eles queriam dizer com tal fala, coisa boa não deveria ser, pois pelo tom utilizado isso estava bem subentendido.
-Passaremos em frente a casa de tua avó, você não quer pedir "louvado" à feiticeira? Exclamavam com tamanho desdém sempre que passávamos pela cidade onde ela morava. Pertencente a uma geração interiorana onde os "causos" eram a atração principal de toda noite, e cujos temas mais aplaudidos eram justamente aqueles em que as feiticeiras ou outra figura misteriosa era a vilã, eu crescia repudiando minha avó materna, e isso sem nunca ela ter sido feiticeira e muito menos ter tido conhecimento da alcunha que lhe conferiam. 
-Cuidado extremo ao retornar da escola, nunca se sabe se tua mãe não estará à espreita para roubar-lhe. Era outra advertência que chegava aos meus ouvidos com frequência, o que impediu-me de ter uma infância tranquila, já que toda vez que eu saia o medo era meu companheiro fiel.   

Sobrevivi, é verdade, porém as sessões de terapia se estenderam por anos, tamanho foi o dano causado pela interferência negativa recebida na infância. Sobrevivi, embora ainda tenha pesadelos tão reais, onde os dias de criança retornam e tudo assombra-me novamente. Sobrevivi para acompanhar a evolução do Direito e a criação de uma lei que zele pela saúde psicológica de toda criança em relação aos próprios parentes, impedindo assim que os mesmos venham a interferir em sua formação psicológica, promovendo ou induzindo repúdio a um dos genitores, avós, tios ou demais parentes ou ainda que prejudiquem o estabelecimento a manutenção de vínculos com estes, como aponta o art. 2o da Lei 12.318/2010 que dispõe sobre a alienação parental.
Esta lei não corrigirá o passado, mas evitará que novas gerações sofram com prática tão desrespeitosa e prejudicial, prática que "fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda", como relata o art. 3o da citada lei. Destarte, essa lei recente promoverá maior consciência em relação ao estrago que a alienação parental acarreta e porventura evitará que os genitores ou parentes interfiram na convivência saudável com ambos. 
Vale ainda lembrar da frase pronta: "esposos e esposas deixam de sê-los, mas filhos e filhas não!"


Texto integral da Lei 12.318/2010:
tp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm

quarta-feira, 27 de abril de 2011

INFORMANTES

O endereço era desconhecido e, como o carro não tinha GPS, a solução foi pedir informação. Uma decisão estava tomada, entretanto, para quem pedir a informação ainda não. Quem poderia informar corretamente?! Como encontrar um "bom informante" era a dúvida. 
Após alguns instantes de indagação silenciosa um posto de combustível surgiu na via e rapidamente a seta aponta a escolha por um frentista, aliás, era uma frentista. Tão logo acabou de ouvir o nome da rua a prestativa moça gesticulou esquerda e direita enquanto falava pausadamente. Parecia simples segundo as instruções, porém ao seguir todos os passos indicados a rua procurada não apareceu. O relógio apontava que o atraso agora seria inevitável e, com a paciência em outro momento, a perdida motorista percebeu que seria necessário novo pedido de informação.
"Um mapa! Por que não imprimi um mapa?! Grrrrr..." Lamentava irritada. 
Seguiu mais alguns metros, parou num ponto de táxi e conversou com o último taxista da fila. O endereço não estava distante, esclareceu o sorridente taxista, e após ouvir a nova informação ela percebera que a informante anterior havia trocado a direita pela esquerda, conduzindo-a erradamente. Enfim, agora mais calma e rindo para não chorar, avançou conforme a indicação e sem mais delongas encontrou o destino procurado.

O primeiro obstáculo havia sido superado, mas ainda restava encontrar a sala do sétimo período e assim assistir o primeiro dia de aula naquela instituição. E mais uma vez ela precisaria contar com o bom senso e simpatia de algum informante encontrado ao acaso. 
Antes de inquirir um novo colega ela preferiu visualizar as informações contidas no mural para tentar encontrar a sala por conta própria. Ali, de fato, estavam os quadros de horários de todos os períodos com o número de suas respectivas salas.
"Sétimo período... sala 408..." repetia mentalmente a universitária confiante. Subiu três lances de escada e ao encontrar a sala 408 percebeu que a mesma estava às escuras. Entrou, ascendeu as lâmpadas, olhou o quadro verde à procura de algum recado e como nada havia escrito deu meia volta. Ao sair da sala quase trombou com um esbaforido estudante que se identificou como colega de turma e representante da mesma, este se desculpou pela pressa e a informou sobre o local daquela aula, todos estavam no auditório. A universitária então seguiu para o local indicado. Como estava atrasada entrou “invisivelmente”, sentou-se na primeira cadeira vaga que encontrou e ali permaneceu mais perdida que antes. A aula ministrada não parecia ser de Direito Tributário, como era o indicado no horário do sétimo período, ainda assim ela permaneceu até o término, pois seria desrespeito demais chegar atrasada e sair antecipadamente. Ao ouvir a última frase proferida, uma citação latina: “bomum est faciendum et prosequendum et malum vitandum", ela perguntou ao estudante sentado ao seu lado sobre a disciplina e período daquela aula, entendendo então o motivo de não encontrar correspondência com Direito Tributário.     


"Deve-se perseguir e fazer o bem e evitar o mal", aham, pena que "Informantes" não conhecem tal princípio! Desabafou a universitária ao concluir que o tal colega de turma havia lhe pregado um baita trote! Sim, ele, aluno do primeiro período, a encaminhara para uma aula de História do Direito! Sim, um aluno do primeiro período dando trote em recém chegada ao sétimo período!

Humffff! “Bomum est faciendum et prosequendum et malum vitandum"!



sexta-feira, 15 de abril de 2011

IDENTIDADE PERDIDA

Atrasei para a vida.
O dia seria rotineiro, entretanto nenhuma roupa me serviu.
O espelho não refletiu nenhum EU conhecido, apenas borrões de possibilidades.
A hora avançou e ao encarar a vida percebi que tudo não passa de ilusão.
Ilusão de existência diariamente reinventada e ilusoriamente vivida num dia bem somenos, até outro nascer e tudo se repetir, e assim, atrasos e atrasos num tempo que já nem prazer contém.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

DIRETO DA "GAZETA"


Que grande parte dos brasileiros desconhecem o texto constitucional não é novidade, já que os eleitos para representá-los também sofrem desse mal é notícia recém lida:

http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1115981&tit=43-dos-projetos-analisados-pela-CCJ-sao-inconstitucionais

Tststs...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

NOITE INSONE

Não há pernilongo no quarto,
Mas há um longo caminho até o sono.

Além,
Há som,
Há rua,
Carros
E Você;
Tudo bem distante
Na noite vazia de carinho.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"UM ABRAÇO COM PAZ"

Na terça-feira, após um final de semana bem mais extenso que aqueles compostos por sábados e domingos rotineiros, o peso carregado desde quinta desapareceu. Entretanto, antes da tranquilidade sentida após a correção da prova e entrega da nota, muito sofrimento por antecedência existiu. Estranhamente se sofre antes do ferimento, é que logo após uma prova inicia-se a espera e o vulto da nota baixa passa a rondar quase todo estudante. Ainda bem que os 60 kg de dúvidas carregados dia e noite se dissiparam tal qual ocorre com a forte neblina que repetidamente insiste em fechar o Aeroporto Afonso Pena. Simples assim: zás e 60 kg de dúvidas também somem; zás e a sombra da nota baixa passa.






Zás e
um abraço com paz
traz a comemoração que somente o estudo faz.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sabores esdrúxulos



Ir ao mercado, supermercado ou hipermercado é tarefa pouco prazerosa, ainda menos quando estamos com fome, aí parece que todas as gôndolas empanzinadas exalam cheiros que o cerébro logo encontra referências e o estômago ronca reclamando, se erramos o horário, piorou, a multiplicação de consumidores entre um corredor e outro é assustadora. Entretanto é nesse espaço que vezes repetidas nos deparamos com produtos recém "criados", pois se nos era desconhecido, era inexistente. Tais produtos nos intrigam e, por mais caros que sejam, nos dobramos à curiosidade e os adquirimos para degustá-los e assim retirá-los do rol dos estranhos. Com o mangostim foi exatamente assim! Olhei, não reconheci, toquei, não reconheci também, cheirei, totalmente desconhecido conclui. Comprei! R$ 15,98 paguei por 1000 graminhas da diferente fruta, mas comprei. Ao sair do mercado, evito ir aos carregados de superlativos (super, hiper), e entrar na "fila para casa" na hush hour minha boca salivava e como a Avenida Manoel Ribas fica lenta nesse horário, salivou, salivou e salivou até eu tentar provar a fruta no trânsito parado mesmo. Tentei, mas a casca era impossível de abrir sem o auxílio de uma faca, utensílio que obviamente eu não tinha no carro, enfim, frustrada com o insucesso tomei água em gutegute para suportar a espera. Tão demorado cheguei em casa, apanhei a difícil fruta, cortei-a ao meio e com uma colher de chá retirei os gomos brancos que há em seu interior e...
...hummm
...hummm
-Ufa! O sabor era esdrúxulo, mas também era bom!!!! Pena que uma não é suficiente para sentir.
...hummm

...hummm

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O "SENHOR DA LAMBRETA" AGIU NOVAMENTE

-Extra! Extra! Extra! Gritava o jornaleiro com um fardo de jornais recém saídos da prensa aos pés. -Leiam agora: O "Senhor da Lambreta" agiu novamente!, prosseguia esbaforido o jovem na saída da estação-tubo Praça Carlos Gomes.
O movimento era grande e a cada dez curitibanos que passavam, em média dois adquiriam um exemplar. A notícia havia causado comoção nacional, pois mais um heroi havia sido destituído.
Tal qual relatou Stanislaw Ponte Preta em seu conto "A velha contrabandista", aquele Senhor não levantava suspeita alguma, parecia ser uma pessoa incapaz de realizar qualquer ato ilícito. Diferentemente do que também relatou Ponte Preta no conto, daquela senhora que ao passar repetidamente por um posto da Alfândega intrigava os fiscais e estes um dia confirmaram a suspeita, o Senhor em questão não havia gerado desconfiança, ainda assim se revelara um exímio copiador clandestino nas avaliações, descrevia a notícia extraordinária.
Tão exímio que foi necessário quase dois semestres para que a atividade clandestina fosse descoberta. Mas num quarto dia curitibano estranhamente ensolarado consecutivamente, ocasião de avaliação dificílima, o "Senhor da Lambreta", alcunha lhe atribuída devido alusão ao conto de Ponte Preta, agira e desta vez fora desmascarado, finalizava o assunto.
-Extra! Extra! Extra! Prosseguia o jornaleiro enquanto observava os passageiros descerem do novíssimo Ligeirão Azul. -Extra! Extra! Extra!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOL

O Sol Curitibano saiu ontem, mas como eu saí tarde, ele sumiu!
O Sol Curitibano saiu estranhamente hoje de novo e, desta vez, eu saí cedo e ele não sumiu, mas eu não o senti, do carro, da janela só o vi.


Sol, Um Sol, O Sol, O Sol Curitibano.

terça-feira, 29 de março de 2011

TREZENTOS E DEZOITO ANOS

Trezentos e dezoito anos, dos quais 16 deles eu curitibei!
Curitibo na satisfação encontrada em tardes passadas pedalando entre o Parque São Lourenço e o Jardim Botânico;
Curitibo no sabor contemplativo da Torta Vienense da Confeitaria do Bosque Alemão;
Curitibo nas terças-feiras de feirinha noturna na Praça São Marcos em Santa Felicidade;
Enfim, curitibo em todos os dias chuvosos, ensolarados, cinzentos ou friozinhos, inclusive e impreterivelmente no dia do aniversário de Curitiba!

domingo, 27 de março de 2011

HISTÓRIA E LITERATURA

"Você tem que ler com alguma criticidade, evitando generalizar ou supor que tudo o que está ali é verdade pura. Não existe verdade única."

Júlio Pimentel Pinto, professor da Universidade de São Paulo (USP)

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1109818&tit=Entre-a-historia-e-a-literatura

sábado, 26 de março de 2011

VONTADE

Quando até Curitiba igualava-se ao mundo robinsoniano,
Tão inóspita e desesperadora tal qual uma ilha deserta,
Você surgiu espontaneamente acompanhado de outro cotidiano
E o futuro tornou-se presente e mais uma vez ideia desperta.


Quando todos os planos de uma vida inteira estavam ofuscados,
Você voltou e novas cores para os dias apareceram.
Os falados dias cinzas curitibanos foram repaginados
E agora os sonhos descansados em fortaleza se tornaram.

sexta-feira, 11 de março de 2011

SAINT PATRICK'S DAY


Os santos são tantos, santo isso, santo aquilo e maior ainda é o número de hipócritas que imagina viver com um círculo de luz na cabeça. 
Entretanto tem também o Saint Patrick's Day e por pura sorte tem ainda um copão de chopp verde que possibilita ver o mundo meio embaçado, vê-lo esperançosamente verde!