quarta-feira, 27 de abril de 2011

INFORMANTES

O endereço era desconhecido e, como o carro não tinha GPS, a solução foi pedir informação. Uma decisão estava tomada, entretanto, para quem pedir a informação ainda não. Quem poderia informar corretamente?! Como encontrar um "bom informante" era a dúvida. 
Após alguns instantes de indagação silenciosa um posto de combustível surgiu na via e rapidamente a seta aponta a escolha por um frentista, aliás, era uma frentista. Tão logo acabou de ouvir o nome da rua a prestativa moça gesticulou esquerda e direita enquanto falava pausadamente. Parecia simples segundo as instruções, porém ao seguir todos os passos indicados a rua procurada não apareceu. O relógio apontava que o atraso agora seria inevitável e, com a paciência em outro momento, a perdida motorista percebeu que seria necessário novo pedido de informação.
"Um mapa! Por que não imprimi um mapa?! Grrrrr..." Lamentava irritada. 
Seguiu mais alguns metros, parou num ponto de táxi e conversou com o último taxista da fila. O endereço não estava distante, esclareceu o sorridente taxista, e após ouvir a nova informação ela percebera que a informante anterior havia trocado a direita pela esquerda, conduzindo-a erradamente. Enfim, agora mais calma e rindo para não chorar, avançou conforme a indicação e sem mais delongas encontrou o destino procurado.

O primeiro obstáculo havia sido superado, mas ainda restava encontrar a sala do sétimo período e assim assistir o primeiro dia de aula naquela instituição. E mais uma vez ela precisaria contar com o bom senso e simpatia de algum informante encontrado ao acaso. 
Antes de inquirir um novo colega ela preferiu visualizar as informações contidas no mural para tentar encontrar a sala por conta própria. Ali, de fato, estavam os quadros de horários de todos os períodos com o número de suas respectivas salas.
"Sétimo período... sala 408..." repetia mentalmente a universitária confiante. Subiu três lances de escada e ao encontrar a sala 408 percebeu que a mesma estava às escuras. Entrou, ascendeu as lâmpadas, olhou o quadro verde à procura de algum recado e como nada havia escrito deu meia volta. Ao sair da sala quase trombou com um esbaforido estudante que se identificou como colega de turma e representante da mesma, este se desculpou pela pressa e a informou sobre o local daquela aula, todos estavam no auditório. A universitária então seguiu para o local indicado. Como estava atrasada entrou “invisivelmente”, sentou-se na primeira cadeira vaga que encontrou e ali permaneceu mais perdida que antes. A aula ministrada não parecia ser de Direito Tributário, como era o indicado no horário do sétimo período, ainda assim ela permaneceu até o término, pois seria desrespeito demais chegar atrasada e sair antecipadamente. Ao ouvir a última frase proferida, uma citação latina: “bomum est faciendum et prosequendum et malum vitandum", ela perguntou ao estudante sentado ao seu lado sobre a disciplina e período daquela aula, entendendo então o motivo de não encontrar correspondência com Direito Tributário.     


"Deve-se perseguir e fazer o bem e evitar o mal", aham, pena que "Informantes" não conhecem tal princípio! Desabafou a universitária ao concluir que o tal colega de turma havia lhe pregado um baita trote! Sim, ele, aluno do primeiro período, a encaminhara para uma aula de História do Direito! Sim, um aluno do primeiro período dando trote em recém chegada ao sétimo período!

Humffff! “Bomum est faciendum et prosequendum et malum vitandum"!



2 comentários:

  1. Boa...boa... muito boa... Agora levantei para aplaudir... Puxa! este texto causou-me uma prontidão real, como quando a gente assiste a um filme ou lê um livro e, se adentra nisso, sabe?! Maravilha tecitura... uma teia de aranha digna de aplausos em pé. Sem contar a universitária perdida que, ao contar com todos os santos, por ordem do acaso nenhum lhe auxiliou... parece um comboio entre a frentista, o taxista e o estudante, mas eles nem se conheciam... kikiki... Sds Literárias amiga, e continue... Não gosto de incorpar autor/narrador, mas tive leve impressão de ser você a protagonista do conto. rsrsrs... Abraços e muita PAZ!

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  2. Universitária perdida mas determinada essa!

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