O espaço em nada lembrava um consultório, nenhum divã para repousar o corpo enquanto a mente busca o descanso, nenhuma revista do ano anterior para poder relembrar os acontecimentos durante a espera do horário agendado, mas isso estava dentro da normalidade esperada para um banheiro, tudo naturalmente inexistente, exceto a terapia! Ah, ela estava ali, tal qual as duas cubas disputadas por 6 mulheres entre um desabafo e outro.
O tema da quinta-feira era o casamento, a difícil arte de administrar a dualidade enclausurada na unidade. Sujeitos, desejos, histórias e projetos de vida, percepções do mundo, tantas singularidades reunidas numa tentativa de reconstruir o mundo. Frustrações e a dificultosa ruptura.
-Em Curitiba devia existir um Oráculo de Delfos, assim poderíamos obter a resposta absoluta para nossas maiores dúvidas, exclama uma das mulheres.
-Minha mãe não é sacerdotisa de Apolo, mas diz boas verdades e tem insistido para que eu aceite o que a razão tenta mostrar-me, replica uma segunda.
-Hummmmm, não deve ser por acaso que nesse templo há a inscrição "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo", não acham?!
-Meninas, a realidade não oferece respostas certas, é preciso fazer uso do livre-arbítrio e encarar as consequências, encerra a rápida sessão aquela que aparentava ser a mais experiente de todas.
Assim as seis seletas mulheres trocaram olhares de solidariedade e abandonaram o recinto já exausto de ouví-las.
Mundos existem além da visão, isso é certo...
Existem certos momentos na vida da gente onde destinos precisam ser traçados
ResponderExcluirA Casa das seis mulheres. Eis um mundo que se apropria do universo significativo de cada ser. Um novo mundo se abre a cada nova piscadela de pálpebras. Sds literárias amiga... teu texto, neste instante, fez-me refletir alguns diálogos machadianos. Continue...
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