sábado, 28 de maio de 2011

COM PÉ E CABEÇA

Até aquela fatídica sexta-feira 13 as anteriores sempre foram apenas mais um sexto dia da semana para Verônica. Ainda que o noticiário da manhã tenha lembrado-lhe do alto teor supersticioso de tal dia e alguns colegas no trabalho tenham dito-lhe para evitar encontrar gato preto naquele dia, ela apenas rira das advertências que ainda lhe pareciam completamente fantasiosas. Entretanto a tarde reservava estranhos acontecimentos que alterariam totalmente sua percepção em torno do azarado dia.
Logo que entrou em seu condomínio encontrou um gato preto andando tranquilamente pela rua interna, como se o mesmo estivesse acostumado ao espaço. Assim que estacionou o carro em frente a sua residência, o gato pulou no capô, causando-lhe enorme susto. Verônica maldisse o gato e ao abrir a porta do carro o gato rapidamente desceu do capô e num zupt instalou-se no banco que ela acabara de ocupar. O gato praticamente voara para dentro tão rápido que mais uma vez assustara-a, provocando novos xingamentos enquanto retirava o bichano do veículo. Por fim, retirou-o, abriu o porta-malas, retirou a torta de ricota que sua mãe encomendara e entrou em sua residência.
Seu almoço transcorreu rotineiramente, muita conversa entre uma mastigação e outra. A sexta-feira 13 já estava esquecida e mal descansara da refeição seguiu para encontrar uma amiga, iriam ao cinema durante a tarde com o propósito de evitar filas e salas cheias nas sessões noturnas. Encontraram-se na bilheteria e esbaforidas seguiram para a sala, como estavam poucos minutos atrasadas chegariam durante a sequencia generosa de trailers. Entraram numa das portas que estavam abertas e tão rápido se acostumaram com a penumbra perceberam que naquela sessão todos usavam óculos e, como o filme delas não era 3D, retornaram tão rápido quanto entraram, haviam errado a sala. Verificaram no ingresso o número da sala e enfim entraram na sala correta.
Mais tarde, enquanto retornava para casa ouviu estranhas batidas vindas do porta-malas. O barulho era pequeno, mas incessante, forçando-lhe a estacionar o carro para verificar. Procurou um local com trânsito calmo, estacionou e desceu para abrir o porta-malas, sem imaginar o que encontraria enclausurado em seu interior. Assim que abriu o porta-malas um corvo saiu apressado e mudo, deixando-a atônita. Verônica respirou fundo, não tentou entender o que um corvo fazia fechado em seu carro numa sexta-feira 13 e seguiu com uma única certeza: alguns dias são bem estranhos.  

Um comentário:

  1. Um dia realmente estranho... porém... " Jesus salva! " kkkkkkkk

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