sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CONCRETO NA GRAMA




O cheiro de grama recém cortada aquecida pelo sol a pino chegou às narinas de Ana Clara provocando-lhe instantaneamente um sorriso iluminador. Como posso rir do cheiro, pensou ela, rapidamente encontrando a resposta no próximo pensamento: natural, o cheiro desperta lembranças e são elas que nos fazem rir do inaparente...
Seu rosto permaneceu radiante, enquanto seus pensamentos seguiam em efeito cascata reavivando memórias há muitos cortes de grama vividas. Não durou muito seu semblante cintilante, pois logo olhou a sua volta e da pequena abertura da janela, cinqüenta por cento fechada pela veneziana indelicada, enxergou o exterior que lhe trouxe à realidade. O telhado estendendo-se pela área que outrora fora quintal a fez lembrar: não tenho mais grama! Essa grama cortada, assim como as lembranças que seu cheiro trouxe, pertencem a outros... Outros tempos e outros quintais... E triste novamente ela ficou.


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