DO INTERIOR, DA MEMÓRIA E DO PARANÁ

Em algum lugar do passado:

-O que você quer ser quando crescer? Perguntou uma de minhas tias paternas.

-Fazendeira, claro! Quero ter uma fazenda de cavalos xucros, todos todos bravios. E daí sempre vou observar o bando corcoveando no pasto. Nenhum deles será amansado, nunca permitirei. Eufórica respondi.
-Cavolos xucros?! Todos, todos?! Estranho, no mínimo estranho... Arrematou minha tia.

Muito tempo depois num futuro que hoje é passado também:

-Quem quer me ajudar?! A "Pretinha" pariu e é preciso encontrar o bezerro no pasto, pois ela o escondeu. Gritou minha tia pasto adentro.
-Eu ajudarei a Senhora. Gritei e segui rapidamente rumo ao piquete para iniciar a busca.

Após vários ajudantes percorrerem o pasto, inclusive alguns a cavalo, a busca foi encerrada. Quer dizer, os demais ajudantes encerraram, eu continuei caminhando, esquadrinhando cada alqueire do piquete procurando o bezerrinho sapeca. Enfim, muito tempo depois verifiquei o relógio e, ao perceber que minha caminhada já ultrapassara 2 horas, resolvi abandonar a busca. Tão logo cheguei indaguei:


-Alguém encontrou o bezerrinho?!
-Ele não será encontrado!! Um coro respondeu.

Assim que me aproximei da estrebaria, com um semblante de poucos amigos, minha tia apontou a barriga da "Pretinha" e disse:

-Um bezerro não pode ser encontrado se ainda nem nasceu...

Ter uma fazenda de cavalos xucros é bem estranho... já procurar um bezerro que nem nasceu é muito normal, né?!

Abaixo, o Bob encontrado, digo, nascido (menos de 24 horas de vida pós útero).

Bob (Meia Branca)